É sempre um momento delicado e muitas vezes relutante na vida de um atleta como é também em outras áreas profissionais, mas no esporte por ser uma carreira muitas vezes curta se vive com esse fantasma da hora de parar por alguns anos antes que ela de fato aconteça.
No meu caso em particular eu tomei a decisão por dois motivos, o primeiro porque minha performance já não estava me satisfazendo, meu corpo começava a dar sinais de que não conseguiria acompanhar meus comandos, se é difícil conviver com isso nos dias de hoje imagine nos tempos de competição.
Porém o segundo e principal motivo é que eu começava a ter mais prazer em ver meus alunos ganharem do que minhas vitórias pessoais, a estrada de professor começava a ser um desafio para mim e algo que eu queria fazer bem e ser reconhecido uma vez que o Jiu Jitsu era o que eu tinha escolhido para viver.
Você pode estar se perguntando, mas porque esse papo agora depois de tantos anos? de fato eu parei de competir profissionalmente em 2001 mas o ponto não é esse, o ponto é que uma parada precisa ser precedida por um projeto novo um novo desafio.
E assim eu comecei a entender que não existe na verdade uma despedida e sim uma mudança de rumo, passei a me dedicar a minha nova missão de formar alunos da melhor maneira e com a mesma dedicação que sempre tive em minhas coisas.
Junto com esse momento de construir minha escola surgiu um desafio de construir novamente o melhor time de jiu jItsu do mundo, toda minha energia foi para montar, ensinar, cuidar, administrar, incentivar e treinar minha equipe, que se tornou um exército de campeões, durante um período de 10 anos trouxemos todos os títulos possíveis por equipe e nos tornamos a equipe mais vencedora da história do esporte, só de mundiais foram 9 títulos consecutivos (totalizando 11 no masculino e 9 no feminino). Nessa época eu dava mais de 10 aulas por dia entre particulares e coletivas e isso durou pelo menos 15 anos.
Mais uma vez senti que meu foco estava mudando, o professor e o General do exercito de competidores já começava a olhar o papel de administrador da academia como um grande desafio, pois embora eu sempre tivesse tido essa vontade não o havia feito com a energia e o conhecimento necessário, me dediquei e passei a faze-lo, precisei diminuir minhas aulas passar todos os meus alunos particulares para outros professores e me dedicar a administração a todos os aspectos dela de forma igual, depois de algum tempo consegui mais uma vitória minha academia atingiu a capacidade máxima ultrapassando os 500 alunos.
Consegui definir um modelo de sucesso para uma academia de Jiu jitsu e senti que era hora de compartilhar isso com a comunidade do Jiu Jitsu, montei um curso de gestão de academia para mostrar aos professores como era possível viver de Jiu Jitsu, ampliei e levei esse conteúdo para uma plataforma online a qual chamei VIVER DE JIU JITSU e que tem sido um sucesso atendendo centenas de profissionais.
Estou sempre trabalhando em diversas frentes porém é impossível fazer muitas coisas bem, por isso minha energia esta sempre em uma em particular enquanto as outras vão acompanhando e esperando sua hora, da mesma forma quando saio da liderança de um projeto me asseguro que achei alguém que possa continuar aquela missão com qualidade e com os mesmos princípios ( sem um time ninguém vai muito longe).
Desde 93 quando fundamos a Alliance venho trabalhando nela como equipe de competição, desenvolvendo nossa metodologia de ensino, cuidando da marca, expandindo a associação e ajudando como posso, dessa forma após 25 anos de vida chegamos a mais de 200 escolas em 21 países e mais de 25.000 alunos.
Tenho muito orgulho de onde chegamos porém esse nunca foi o trabalho onde minha principal energia esteve e acredito que isso nos deixa muito a quem de nosso potencial o que por sua vez se torna outro enorme desafio, sinto que esta chegando a hora de colocar minha energia para transformar nossa escola não só na melhor mas na maior escola de Jiu Jitsu do mundo, fazer coisas que nunca foram feitas e elevar o Jiu Jitsu o mais alto que conseguirmos.
Se reinventar e não ter medo de “largar o osso” talvez seja a razão do sucesso, conquistei as coisas com muita disciplina e dedicação mas também pela inquietude de fazer melhor e diferente.
Não existe parar. Existe mudar.
O competidor e o campeão que esta dentro de nós precisa desse estimulo para que a vida siga fazendo cada vez mais sentido.
FG