Thomas Sowell

Thomas Sowell e o Jiu-Jitsu: A Responsabilidade no Tatame

Thomas Sowell

Por Fabio Gurgel

Thomas Sowell é um pensador que influenciou profundamente minha forma de enxergar o mundo. Economista, filósofo e uma das vozes mais lúcidas do pensamento contemporâneo, Sowell nos lembra constantemente de algo simples, mas poderoso: nossas escolhas têm consequências — e não há como escapar dessa realidade.

No tatame, isso é lei.
Não existe discurso que sobreviva a um rola sincero.
Não há desculpa que substitua o treino perdido, o esforço não feito, o desconforto evitado.

Sowell dizia: “Não existem soluções, apenas trocas.”
No Jiu-Jitsu, toda escolha cobra um preço. Se você escolhe descansar quando deveria insistir, essa troca vai te acompanhar logo ali na frente. Se evita posições desconfortáveis, está trocando segurança momentânea por evolução a longo prazo. E, como na vida, o tatame não negocia com ilusões.

Enquanto o mundo lá fora ensina muitos a culpar o sistema, os outros ou as circunstâncias, o Jiu-Jitsu ensina o contrário: a responsabilidade é sua — sempre.

Treinamos em um ambiente onde meritocracia não é uma ideia bonita de discurso, mas uma realidade física e constante. Você é finalizado ou não. Progride ou estagna.
Como dizia o grande mestre Carlos Gracie: “No Jiu-Jitsu, ou você ganha ou você aprende.”
E mesmo quando perde, se tiver humildade para enxergar, a derrota traz um presente disfarçado: lição, amadurecimento, clareza.

Sowell também alertava sobre os “custos invisíveis” de decisões erradas.
No Jiu-Jitsu, esses custos aparecem quando evitamos o desconforto. É fácil fugir do treino duro, evitar aquele parceiro mais forte ou pular uma sessão de sparring. Mas a conta chega. E quando chega, não dá pra parcelar. A vulnerabilidade que você escondeu te expõe — e não há narrativa que salve.

Treinar Jiu-Jitsu é aprender que a vida não é justa — mas ela é justa com quem se prepara.
É aceitar que liberdade sem esforço não existe.
É assumir que o controle que temos está nas nossas escolhas — não nos resultados.

No fim, o tatame forma mais do que lutadores. Ele forma homens e mulheres responsáveis, conscientes de que o crescimento exige dor, que a evolução exige tempo, e que as vitórias verdadeiras não vêm por acaso.

A filosofia de Thomas Sowell encontra, no Jiu-Jitsu, um campo perfeito para florescer.
Porque aqui, como lá, não se sobrevive sem responsabilidade, disciplina e verdade.