Jordan Peterson e o Jiu-Jitsu: A Virtude do Forte
Por Fabio Gurgel
Jordan Peterson é um psicólogo clínico, professor e autor canadense, conhecido mundialmente por seus livros 12 Regras para a Vida e Além da Ordem. Ao longo de sua carreira, Peterson dedicou-se a estudar a psicologia dos mitos, a busca por sentido e a importância da responsabilidade pessoal.
Seu trabalho ganhou enorme repercussão no debate contemporâneo, especialmente pela defesa da ideia de que a verdadeira força moral nasce do autocontrole, e não da simples incapacidade de causar dano.
Uma de suas ideias centrais é simples e profunda: não existe virtude em ser inofensivo.
Ser incapaz de causar dano não é ser bom — é apenas ser fraco.
A verdadeira virtude está em ser forte e, ainda assim, escolher o caminho da razão, do respeito e da gentileza.
No Jiu-Jitsu, essa verdade se manifesta a cada treino.
Aprendemos técnicas que poderiam gerar dor e destruição. Mas o verdadeiro praticante não treina para machucar. Ele treina para controlar.
Para proteger.
Para construir.
O lutador fraco, que evita a violência porque não tem alternativa, não é virtuoso.
O forte, que domina o combate mas opta pela gentileza, esse sim demonstra a verdadeira força moral.
O exemplo do Mestre Hélio Gracie
O Grande Mestre Hélio Gracie ilustrou essa verdade de forma magistral.
Em uma entrevista, foi questionado sobre como reagiria se alguém o provocasse naquele momento.
Ele respondeu com uma pergunta:
“O que você faria se uma criança de 5 anos entrasse aqui e o provocasse?”
O entrevistador riu e disse:
“Nada, claro. É só uma criança.”
E o Mestre concluiu:
“Pois é. Para mim, o agressor que não sabe Jiu-Jitsu é como uma criança.
Ele não consegue me tirar do absoluto controle e não me gera dúvida da minha capacidade.
Logo, permaneço gentil e não entro em confronto.”
Essa resposta resume não apenas o espírito do Jiu-Jitsu — mas o espírito de toda verdadeira virtude.
A força autêntica elimina o medo.
E o controle do medo abre espaço para a gentileza.
A cultura Alliance: Força com responsabilidade
Na Alliance, valorizamos esse princípio.
O que buscamos formar não é apenas o atleta mais forte, mas o ser humano mais consciente.
Alguém que, tendo aprendido a vencer, aprenda também a escolher quando não lutar.
Alguém que entenda que gentileza não é fraqueza — é o auge do autocontrole.
O tatame nos ensina a responder com calma, mesmo sob pressão.
A proteger, mesmo tendo poder para machucar.
A construir, mesmo diante do conflito.
A escolha do guerreiro
No fim, a verdadeira luta não é contra o outro — é contra nossos impulsos mais primitivos.
Vencer no Jiu-Jitsu é importante.
Mas vencer a si mesmo é essencial.
Ser forte é necessário.
Escolher ser gentil é ser virtuoso.
Até sexta que quem.