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George Washington e o Jiu Jitsu: A Grandeza esta em saber parar

George Washington e o Jiu Jitsu: A Grandeza esta em saber parar

O poder da contenção

Em um mundo onde a maioria busca destaque e prestígio, a verdadeira liderança pode parecer contraintuitiva: ela exige contenção, não ostentação. Essa foi a lição que ouvi ontem em uma palestra do Ministro Paulo Guedes — e que, curiosamente, ressoou de forma imediata com o que ensinei na aula de hoje no tatame. No Jiu-Jitsu, o verdadeiro líder não é o que impõe força à força, mas o que demonstra gentileza mesmo em posição de vantagem. O que sabe que a técnica superior não serve para humilhar, mas para proteger e ensinar.

Na história dos Estados Unidos, poucos representaram essa ideia com mais clareza do que George Washington, o general que libertou sua nação — e que, depois da guerra, renunciou voluntariamente ao poder. Poderia ter sido rei. Escolheu ser cidadão. Tornou-se o primeiro presidente da república moderna ao ser eleito por unanimidade. E, talvez mais importante, recusou um terceiro mandato, estabelecendo um precedente de humildade que moldaria a democracia americana por séculos.

Mas há um personagem essencial nessa trajetória que muitos brasileiros desconhecem: Alexander Hamilton.

Imigrante caribenho, autodidata brilhante e um dos pais fundadores dos EUA, Hamilton foi o arquiteto do sistema financeiro americano e o principal articulador da nova Constituição. Durante a Revolução, serviu como braço direito de Washington — e, após a guerra, ajudou a construir o prestígio político que o levaria à presidência.

Hamilton acreditava em um governo central forte e via em Washington o líder ideal para dar forma a essa visão. Embora não tenha sido ele quem “escolheu” Washington (a eleição foi unânime), foi peça-chave no convencimento público de que Washington era o homem certo para unir a nação. Sua inteligência estratégica moldava o caminho; a virtude de Washington dava o tom.

Essa relação se assemelha, em muitos aspectos, às dinâmicas que vemos no Jiu-Jitsu. O professor experiente e o aluno talentoso, que ainda impulsivo, encontra no exemplo do mestre a medida da verdadeira força. Aquele que lidera, mas não se exalta. Que finaliza, mas não humilha. Que domina, mas escolhe ensinar.

No tatame, aprendemos que poder sem controle é violência. Técnica sem ética é ego. Liderança sem contenção é tirania.

E é por isso que o Jiu-Jitsu, como a boa filosofia política, forma mais do que campeões: forma cidadãos melhores.

George Washington venceu guerras. Mas sua maior vitória foi sobre si mesmo, foi saber parar.

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Respostas de 4

  1. A liderança no mundo corporativo, precisa de bons profissionais, muitos ainda não entendem que liderar é servir, guiar, orientar. O Jiu Jitsu tem muito a contribuir com os líderes corporativos.

  2. Como sempre, excelente reflexão! A comparação entre George Washington e o Jiu-Jitsu mostra que a verdadeira grandeza está no autocontrole. Liderar e lutar com sabedoria é saber quando parar.

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