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Ayn Rand e o Jiu-Jitsu: A Virtude da Excelência Individual

Ayn Rand e o Jiu-Jitsu: A Virtude da Excelência Individual

Ayn Rand e o Jiu-Jitsu: A Virtude da Excelência Individual

Para Ayn Rand, a grande falha moral da humanidade está em inverter o eixo da virtude: em vez de celebrar o indivíduo que age com excelência, dignidade e propósito, passamos a enaltecer o sacrifício de si mesmo em nome dos outros.

A isso ela deu o nome de objetivismo — uma filosofia que valoriza a razão, a responsabilidade individual e o egoísmo virtuoso.

Sim, egoísmo virtuoso. Em sua obra A Virtude do Egoísmo, Rand defende que viver por seus próprios valores e convicções, buscando a excelência pessoal, é a forma mais elevada de ética. E o curioso é que, mesmo sem usar essas palavras, o Jiu-Jitsu ensina isso o tempo todo.

No tatame, o progresso real exige disciplina pessoal, foco e autenticidade. Muitas vezes, aqueles que mais evoluem — os “John Galts” do nosso meio — são mal interpretados. Ou porque são, de fato, vaidosos e desconectados do coletivo. Ou porque são íntegros demais para seguir o fluxo da mediocridade.

Já vi atletas sendo criticados por se destacarem demais, por treinarem demais, por não “aliviar” nos treinos. O “psicótico” do tatame.

Mas o que esses críticos não percebem é que, ao manterem a sua integridade, esses atletas ajudam todo o grupo a crescer.

Cobrinha foi um desses. Seu exemplo de disciplina influenciou toda uma geração. Ele não precisou dizer como agir — bastava vê-lo treinar.

Ele não cedia à mediocridade. E por isso puxava todos para cima.

Rand não exclui o benefício ao próximo. O que ela recusa é o altruísmo obrigatório, aquele que espera que você se anule para ser aceito.

E isso, no Jiu-Jitsu, não constrói campeões.

A cultura do sacrifício pessoal em nome do grupo só é virtuosa se for voluntária e autêntica. O lutador que escolhe compartilhar, que ensina, que puxa o treino, que inspira — ele está fazendo pelo outro, sim. Mas antes de tudo, está sendo fiel a si mesmo.

Isso é integridade.

Isso é força moral.

Joseph Frank, ao analisar Dostoievski, usa a expressão “dialética da vaidade” para explicar que fazer pelo outro pode — e deve — fazer bem a si mesmo. Essa não é uma visão incompatível com Rand. Ao contrário: é o egoísmo bem compreendido, aquele que gera abundância, e não escassez.

O praticante que busca a excelência por escolha própria transforma o ambiente ao seu redor. Ele não precisa ser adorado. Nem compreendido. Seu compromisso não é com o aplauso, mas com a verdade. E isso é mais do que filosofia — é prática diária.

O verdadeiro Jiu-Jitsu não é um culto à humildade rasa, mas uma celebração da autenticidade, da competência e da busca por se tornar melhor — todos os dias.

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Respostas de 3

  1. Estou passando para agradecer pelas suas reflexões, que são sempre muito assertivas. Grande abraço!

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