J.R.R. Tolkien e o Jiu-Jitsu: A Jornada do Herói no Tatame

J.R.R. Tolkien e o Jiu-Jitsu: A Jornada do Herói no Tatame

J.R.R. Tolkien não escreveu sobre Jiu-Jitsu, mas escreveu sobre tudo o que o Jiu-Jitsu representa. Seus personagens caminham entre o medo e a coragem, a vaidade e o sacrifício, a queda e a redenção — como fazemos nós, dia após dia, dentro do tatame.

Uma das lições mais profundas que aprendi como líder da Alliance foi entender que não há apenas um caminho para a vitória. Muitos dos atletas que conduzi ao topo tinham trajetórias muito diferentes da minha. Meu papel como mestre não era moldá-los à minha imagem, mas guiá-los com clareza e respeito pelo caminho que os tornaria campeões à sua maneira. Essa visão nos levou a nove títulos mundiais consecutivos, entre 2008 e 2016 e segue nos empurrando para frente, (acabamos de vencer nosso 15º titulo mundial por equipes) não só por vencermos, mas por sabermos por que lutávamos.

Na nossa jornada, encontramos muitos Aragorns — guerreiros completos, equilibrados e valentes. Eles eram a alma da Alliance: não apenas venciam, mas lutavam com honra, técnica e espírito, representando aquilo que queremos que o Jiu-Jitsu ensine ao mundo.

Também vimos Frodos: pequenos no corpo, mas imensos em perseverança. Lutadores que, pela técnica e dedicação, superavam adversários muitas vezes maiores. O Jiu-Jitsu permite que o pequeno derrote o grande, mas essa conquista exige um treino diário, quase monástico. Por isso, esses atletas, geralmente, se tornam os mais técnicos do tatame.

Gandalf, por sua vez, representa o mestre verdadeiro. Aquele que não precisa impor sua presença, porque sua autoridade emana do conhecimento e da sabedoria. Ele não controla os passos do grupo, mas orienta, observa, guia. Seu poder não está na força bruta, mas na visão ampla e no exemplo silencioso. Por mais Gandalfs em nosso Jiu Jitsu.

Mas nem só de heróis se faz a jornada. O tatame também conhece seus Gollums: figuras consumidas pelo ego, pela obsessão com o resultado, pela incapacidade de reconhecer o outro. E também seus Saurons — aqueles que usam o poder para dominar, e não para ensinar. Eles nos lembram de que a luta do bem contra o mal não é fantasia: ela está presente na forma como lidamos com a vitória, com a derrota e com o próximo.

Como em Tolkien, no Jiu-Jitsu a jornada é longa e cheia de provações. Mas é justamente por isso que transforma. E quem escolhe caminhar por ela, mesmo quando tudo parece conspirar contra, torna-se não apenas um campeão — mas alguém melhor.

E você, já leu Tolkien?